Quando era criança pequena, aqui mesmo em Salvador, quando chovia e
roncava trovoada, daquelas de estalos, a impressão era de pedronas
rolando sobre nossas cabe
ças a gente
cobria todos os espelhos, fechava as janelas, as portas , apagava as
luzes e ficava no macabrismo do dia de tempestade, percebendo os
relâmpagos.Para cada clarão prateado, um ronco forte. Isto era um açoite
em minha alma infantil. Vovó ficava impávida. Mas, reverente, ia para a
sala de visitas, colocava-me ao seu colo e dizia: tá ouvindo? Papai do
céu está reclamando...Eu ficava calada olhando seus olhos acinzentados
pelo tempo. Saudades de minha melhor amiga.Mas, se estivesse viva, na
nossa condição humano, seria insuportável para ela.Estaria caindo aos
pedaços.Descanse em paz vovó. Não te esqueço.
Marakele Bonfar.
Desenho de Graça.
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Desenho de Graça. |
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