terça-feira, 10 de março de 2020
Ida a Escola.
Nos meus primeiros anos de vida fui bem recebida, era totalmente aceita, estava na casa de minha amorosa avó, com meus primos, minha tia a mãe deles, tio Dudu o marido dela, meu pai, meu tio, meus primeiros assessores humanos. Depois,com o tempo, dei-me conta de que eles tinham ido embora, mudaram-se para outra casa, outro bairro, mais distante.Fui para a escola e senti, pela primeira vez em minha vida rudez e oposição gratuita da parte de colegas meninas, sorria para elas e davam-me língua, faziam caretas, o braço.... Os garotos eram sempre simpáticos e gentis comigo.As meninas não. Com tempo passei a achar que era porque eu não usava farda e ia toda emperiquitada para escola e isto as incomodava. Quando passei a usar farda, tudo mudou. Foi difícil eu ter farda escolar, papai não queria que eu usasse um uniforme e não ajeitava isto para mim. Mas, eu gostava da escola e algo dizia que estar em uma escola era bom. Nunca desisti da escola, nunca desisti de estudar, mesmo com toda dificuldade.Ir para escola era uma diversão que me garantiria algo. Meu pai e meu tio sempre me incentivaram a estudar, compravam o que podiam do material escolar Minha avó que me ensinara a ler me apoiava em tudo.Eu só vivia para estudar. Tive um tempo de grande estabilidade relacional, que foi rompido pela ida a escola. A escola é outra coisa. Uma casa diferente da casa da gente. Entendia que aquelas colegas que eram hostis comigo eram muito pobres e infelizes.A professora sempre bem penteada e bem vestida. se apresentava, rígida e ditadora. Não gostava de conversa. O que eu mais gostava de fazer. Comecei a me sentir limitada. E passei a olhá-la como alguém que tinha algo encoberto por toda aquela fineza de roupa. Ela rivalizava comigo . Porque eu não usava farda e ia para a escola com vestidos lindos que minha tia bordava e eram costurados por Analice, uma das pretendentes de papai
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