Em 1988, eu tive uma gripe muito forte, um febrão, fiquei muito mal. Havia me mudado para meu primeiro apartamento. Estava só. O que fazer? Dor de cabeça, fraqueza, febre, vertigem... O que fazer? A ideia chegou, entre um calafrio e outro.Levantei-me trepêga, fui para cozinha e olhei em volta procurei.Achei.Peguei um litro de álcool e joguei sobre mim. Depois, voltei para a sala e deitei-me no chão, enrolada em mim mesmo, buscava esquentar meu corpo com casaco que Layde Magalhães me dera em um inverno longínquo. Era o que eu tinha de mais quente. O cheiro forte do álcool, entrava por minhas narinas e causava uma sensação de alívio. Adormeci. Horas depois estava acordada e sem febre. Fraca, tremula, faminta. Encharcada de suor e sentido uma companhia doce comigo. Mas, eu não ligava para isto. Cuidava que era uma boa impressão. Era suficiente. Mas, estava com álcool na roupa e na pele. Mesmo assim fui acender um fogo e fazer um chá, aquecer pão fritar um ovo, fazer um café... Esquentei uma água para um banho. O dia amanheceu. Não lembro que dia era, nem se sair para trabalhar.Agora sei que eram tempos de pandemia.Eu não dava conta. Que horror!
Graça Nunes.
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