A humilde casinha onde nasci tinha três salas. A sala de visitas, a sala de jantar e a sala cozinha. Para cada uma destas dava a porta de um quarto.. a sala de jantar era muito aconchegante. Uma mesa redondinha estilo colonial ficava quase no centro. Não exatamente no centro, por causa da circulação. Neste espaço, além da mesa e duas cadeiras, uma cristaleira que era a obra de arte, um armário de madeira feito por marceneiro, amigo de vovó, muito lindo que eu envernizei, com gaveta para toalhas de prato e outra para o que se quisesse colocar dentro. Não consigo me lembrar agora o que tinha dentro da outra gaveta que ficava embaixo. A metade da porta era de vidro. Através deste vidro víamos as louças de vozinha. Pouca louça. Xícaras e pratos de almoço e de sopa, uma sopeira, onde também era servido o feijão de domingo, parecia louça portuguesa; havia cenas campestres em azul. Influência oriental. Fui sabendo de tudo aos poucos. Estou falando da sala de jantar de minha avozinha. O lugar de uma mesa arrumada nas festas. Era o que vovó gostava.
No São João muita alegria. Comida.A canjica tão familiar, porque sempre tínhamos canjica na mesa, para o café da manhã ou jantar. O milho. Titia sempre mandava um bolo de fubá d milho, todo final de semana, por titio, que ia sempre lá, nos finais de semana e de lá trazia suprimentos possibilitados para a gente cá, na cidade, necessitados. Eram grandes afagos da única filha de vovó. Junto com o bolo vinha um frango assado, uma empanada e gibis já lidos de meus primos, Bolinha. Luluzinha, e todo o elenco de Walt Disney, além de cartas entre nossas bonecas. Tudo me alegrava. Mas, voltando a falar da mesinha redondinha, nas festas ela ficava repleta. Depois que titio foi trabalhar, muito mais. As vezes nem dava todos os itens que eram guardados no armário e cestas dependuradas no telhado da cozinha. A mesa era o centro. Ela aumentava e diminuía de tamanho. A comida e o carinho, nos alegrava muito. A cordialidade. Havia muita cordialidade entre nós. As vezes eu saia dos trilhos. Nunca fui enquadrada nos procedimentos daquela linda família que Deus me deu. Eu aprontava e me tornei uma criança rebelde até certa idade. Depois não sei como fui me aquietando. Algo tocou no meu coração. Não adiantaria nada tanta rebeldia e eu passei a agir com mais entendimento, para algumas coisas. As festas eram maravilhosas. Mas, as vezes eu via meu mundo tão pequeno. Restrito a mim e mais duas pessoas.Uma senhora idosa e um rapaz que saia muito e não queria conversar comigo. Até os dias atuais. A comunicação é muito rara e nas raridades, eu é quem acena. Quando a gente entende a situação, as vezes, declina em ações. Tenho declinado. Lamento muito ele já passa dos oitenta. Seu aniversário vfoi no último dia sete. Está idoso. Mas, sempre teve vida comedida. Nunca foi dado a farras, sempre dedicado a família. Sei pouco sobre como tem passado. Mas, deve estar bem. Não gosta de aproximação com os demais parentes.
Depois as festas se restringiram Apenas a uma dupla: eu e vovó. Depois de muitos currículos; apenas eu. Depois falo mais sobre isto.a Agora não posso. Muita emoção. A autopena é algo restritor. Não gosto
Graça Nunes.
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