A primeira informação sobre crime contra a mulher que tive, eu era muito pequena. Não foi possível evitar que eu tomasse conhecimento , como era costumeiro, porque foi uma notícia surpreendente pelo rádio.Foi chocante o relato da forma. O crime havia acontecido tinha já muitos dias quando acharam o corpo da mulher em um socavão em sua própria residência, onde fora assassinada. O assassino estava dentro da casa dela, era um pedreiro que prestava serviços. Este fato ocorreu na Estrada da Rainha , em Salvador na Bahia. Fiquei imaginando a cena.Era uma professora e fora morta a golpes de instrumentos de trabalho do assassino enxadas e pá. Sozinha , ninguém a socorreu. Pobre mulher. Ficamos tristes por muitos dias, mesmo sem conhecer a vítima ou seus familiares. Naquele tempo a frequência destes casos era menor, talvez pelos limites na comunicação ou talvez porque ocorresse menos. Não sei agora. Mas, sempre se ofendeu muito as mulheres.Estas ações ofensivas e até atitudes extremas ,como assassinato, esquartejamentos e etc, não são de agora. Hoje é possível se saber de tantas ,porque existe as possibilidade de informação. Logo que ocorre um fato
é possível sua publicação quase que de forma imediata, com registro imagéticos e tudo que for possível no momento. Mas, antigamente não era assim. Muita coisa acontecia e passava sem conhecimento de muita gente , em vários lugares.
Outro caso de assassinato que foi marcante e surpreendente, foi muito próximo porque a vítima era filha de alguém, muito próximo de nossa família. Quando soubemos era o dia do enterro, a vítima era bem jovem e deixara três filhos, um deles mentalmente abalado até hoje, presenciou todos os fatos:seu pai matando sua mãe de foram fria e desesperada, a noite dentro do banheiro. Cruel. As cenas eram formadas , imaginadas por mim e ficavam se repetindo e eu sentia muito algo que de certa forma, não me dizia respeito mas sempre fui atraida por um espirito de comizeração no caso dos outros.... Isto passou o assassino foi preso....
O caso que também nunca esqueci foi o de Dilma Nazaré de Araújo, uma moça de Nazaré das Farinhas ,que viera trabalhar em Salvador. Trabalhava de corretora e gostava de frequentar o pelourinho o "point" da época para a juventude baiana, pouco recomendado para moças de família, por ser um ambiente de boêmia..... Dilma era sobre si, embora afirmasse não ter tido contato sexual com homem algum , senti-a se livre para ir a qualquer lugar . Morava em um pensionato na Saúde e a última vez que fora vista, estava saindo em um carro que fora buscá-la neste pensionato. Ninguém viu quem estava no carro.Depois não foi mais vista e passado certo tempo, seu corpo foi encontrado, não lembro o lugar. Com fortes sinais de estrangulamento e mutilações.Seio decepado, cruz na barriga....O caso durou por muitos dias no rádio. Investigações e depoimentos. Afirmações de que Dilma era bissexual e que tinha uma conduta assim e assim, tentavam justificar o fim dela. Mas, naquele tempo, mesmo com todo o tabu e censura a investigação durou por meses , pessoas ligadas a vítima, não descansavam..queriam justiça. Nós acompanhávamos tudo pelo rádio e jornais....Eu já era adolescente, entendia melhor as coisas. Lembro que uma das suspeitas era uma mulher chamada Ana que também era corretora e era declaradamente, na época, lésbica, gostava de viver a sua sexualidade com mulheres.Esta mulher era a pessoa mais perseguida pela polícia , que a achava forte suspeita por ter a preferência genital e por ter sido Dilma Nazaré também considerada bissexual..Investia-se na hipótese de um crime passional.....No final , um detalhe marcantemente novo. Dilma Nazaré de Araújo , pelos detalhes do cadáver , a mutilação, a cruz na barriga, o lugar onde estava, poderia ter sido oferenda.. Uma nova hipótese passou a dominar a investigação e,não sei mais como foi, o assunto esvaiu-se de tal forma que não se falou mais nada.... Estou sem lembrar o que aconteceu.Até o ponto em que acompanhamos, não se achava o(a) culpado(a) de fato....tornou-se delonga repetida e cansou. Agora só pesquisando em jornais da época.....
Graça Nunes.
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