Batuta era um galo daqueles, gigantão. Tomava conta de tudo. Algumas amigas estavam aqui, eu estava doente. Entraram em paz. Eu avisei sobre Batuta. Ele voa em cima. Mas, Batuta não andava só;.ele tinha um fiel companheiro irmão, muito mais violento que ele, que eu nomeei Roland. Não sei por que este nome. Mas, combinou tanto, porque Roland era galo de briga, cresceu esbelto e ágil e o lugar ideal para ele era uma Rinha e eu não sabia.Devido a sua violência com as galinhas e as pessoas, mandei imolá-lo. Na ocasião, uma amiga veio aqui e me animei tanto que sai para a varanda e pedi que fechasse o portão. Batuta costumava vir silenciosamente e ficar de tocaia, quando chegava gente, para voar em cima. Surpreendia a pessoa, na altura do rosto. Ele de um lado e Roland do outro. Negócio sério. Gritaria, vassouradas...Ah! Eles não desistiam e eram sanguinários. Só paravam ao som da vassoura de ferro, quando arrastávamos a vassoura de ferro, no chão cimentado na direção deles. Por um momento minha amiga viu Batuta agachado próximo ao portão da varandinha e foi falar com ele, ela esquecera que ele era terrível, ele voou rapidamente para atacá-la, eu gritei. O portão foi fechado violentamente, freiando ele e o rastelo entrou em ação, afugentando-o para adiante. Ai , que horror!!!
Certa vez, Batuta e Roland encurralaram o vizinho, no canto da parede(risos). Voavam os dois para cima dele e ele tentava se livrar, colocando o braço e tudo que pudesse, para se livrar, até que Bárbara trouxe a vassoura de ferro. Da segunda vez, este mesmo senhor foi escarrerado. O vizinho, um amigo; uma cena impressionante, o vizinho corria, apavorado, no sentido da saída e, na corrida, se desequilibrou caiu, levantou e saiu correndo, mancando e as aves na cola dele. Pedi alguém para correr lá e ajudar....A vassoura de ferro entrou em ação. Outra vez, eu ainda usava moletas. Não estava traquejada para uma corrida daquele jeito e, por um lapso, sai; quando olhei, Batuta e Roland estavam vindo, determinados, na minha direção.Senti que eles me pegariam, sim. Tinha certeza disto e me vi desabando com moletas e ataduras e tudo mais...Gritei por socorro. Bárbara veio rapidamente e os afugentou. Percebi que era necessário limitar o espaço de convivência deles. Mas, antes de isto se concretizar, antes de por limites para eles, um rapaz, que estava trabalhando aqui em casa, chegou em tranquilidade e não sabia que seria recebido pelo gigantão. Foi sério. Ele ameaçava o galo com o serrote e ele não desistiu. Serrote, vassouras, ... as pessoas eram todas do bem, só ameaçavam.Enquanto Bárbara procurava a vassoura de ferro, Batuta encarava o jovem, não atendia ninguém. Na luta, em um voo muito alto , na rampa em direção a cara do referido rapaz, Batuta desequilibrou-se e caiu, barranca abaixo.Mas, não desistiu retornou rapidamente para atacar o rapaz novamente....A vassoura de ferro chegou.Só assim ele cedia.
Nunca me atendeu. Quando eles; Batuta e Roland, estavam ainda jovens, me deram um violento carrerão.Eu cai sobre gravetos e espinhos; não pude nem sentir a queda e furadas. Eu só pensava em fugir, deles. Para alimentá-los, eu jogava o milho distante, para eles irem e depois, continuava jogando para as outras aves. Batuta atacou Almiro, o galo do vizinho junto com Roland e deixou o galo em uma situação deplorável. Almiro, não morreu porque fugiu, quando atentamos e fomos separar. Desse dia em diante, Almiro não mais arrastou asas para as minhas galinhas, nem ultrapassou a cerca que dividia os quintais. Porque mesmo que quisesse, ao perceber os dois galos daqui, fugia louco e resmungando.Quando eu sofri um acidente sério, tive ajuda de outras pessoas.Mas, Batuta somente me atendeu, depois que eu percebi que ele estava doente.A queda que ele levara ao atacar o rapaz na subida, fizera o seu próprio esporão entrar nele. Como ele era valente demais para parar, ninguém viu nada. E depois de certo, tempo ele deixou de ser ativo. Passou a ficar em lugares isolados e molhados, até que um dia eu percebi que algo estava errado com ele. Eu não podia me meter nisto, estava operada e esperei ele ficar em uma posição favorável para vê-lo de perto. Choquei-me ao ver que ele tinha um buraco enorme, cheio de larvas de moscas. Me desesperei.Eu não tinha ideia do que fazer...
Então, fui na loja Pet que tinha veterinário.Mas, ele não estava. Eu já frequentava esta loja e tinha um rapaz que era um pessoa muito agradável. Ele procurou saber se eu queria marcar..Então eu conversei com ele e disse que não queria marcar nada, que tinha de ser urgente. O galo, aquele gigantão estava bichado. Como, assim? Havia se ferido e ...Então ele me disse: a primeira coisa que tem de fazer é eliminar as larvas do ferimento, com um desinfetante, que as mate mesmo. Nesse caso, a Sra vai usar misturado com água, depois vai dar-lhe um antibiótico injetável, e uma pomada, para a ferida. Na loja tinha tudo e ele já tinha experiência no assunto.Naquele dia ele era o médico veterinário, na loja, para mim. Tudo foi providenciado .Adquiri tudo e chegando em casa, fui cuidar da ave. Eu não comecei bem. Batuta era um galo muito pesado. Apliquei o desinfentate. Mas, não foi eficaz. No dia seguinte, pedi ajuda ao vizinho e ele carregou o galo e tirou-lhe as penas da região afetada. Verifiquei que havia movimento de coisa viva no ferimento, não tive pena e apliquei creolina pura. Os morotós começaram a cair e persistiram caindo e caindo.Notei que Batuta tremeu, achei que ele não iria suportar. Resolvemos fazer uma casa, só para ele e alta, para que eu não precisasse me abaixar, eu não podia. No dia seguinte lavei batuta com uma solução mais fraca de detergentes mais leve, ele estava limpo; apliquei-lhe uma dose do remédio; a pomada sarativa só poderia ser aplicada quando ferimento estivesse deshabitado.
Ferimento limpo, tratado, com curativo; Batuta abatido e apático. Eu estava decidida a mantê-lo vivo. Roland já havia sido imolado. Mas, eu não pretendia me livrar daquele galo tão valente. E, continuamos cuidando..Batuta voltou a comer, cuidando, aplicamos todas as doses do antibiótico injetável, até que a ferida foi fechando. O ortopedista conversava muito comigo e me disse que eu não poderia estar cuidando de bicho algum. Muito menos de ave. Mas, eu já estava na estrada. Tomei mais cuidados. Com a ajuda de meu vizinho, a quem sou muito grata, pela amizade, atenção, cuidado e respeito. Ele cuidou de Batuta que o escarrerou. Mas, afinal era um animal. Não era uma pessoa. Cuidamos das pessoas, quanto mais....Vimos o gigante ressurgir, também com a atenção de Bárbara, na ocasião, minha ajudante. Logo uma rampinha de madeira foi colocada para que o gigante descesse.Ele estava curado. Pronto para viver e vencer.
Batuta demorou a descer a rampa da sua casa alta. Parecia não ter jeito. Estava inseguro. Me olhava de um jeito diferente. Talvez, gratidão de galo. O seu olhar parecia com o das galinhas a partir dali e depois, que desceu da rampa , nunca mais correu atrás de ninguém. Continuou morando sozinho. Mas, se comportava como um galo saudável. Engordou três vezes mais. Virou uma bola que mal conseguia andar. Disseram que eu havia dado Cobavital, Buclina, ou ração de engorda. Por isto ele estava enorme. As crianças da vizinhança já se aproximavam dele com mais confiança.Ele sempre conversava alegremente com as galinhas, nas refeições e ciscava para elas. Tornou-se amigo dos patos. Como ele era arredondado.. uma bola branca e linda. Eu o amava. Certo dia era um domingo. Algo estraçalhou o silêncio. Ouvi uma voz de jovem do sexo masculino gritar lá fora, na estrada." Batuta, seu boiola!" Fui ver, algum jovem que havia passado. Não havia mais ninguém.Foi alguém,
desrespeitando aquele nobre galo. Não gostei.
Pessoas experientes em criação de galinhas, começaram a analisar o galo. Certo dia uma senhora me disse. Você quer muito bem a ele. Mas, terá de matá-lo ou ele adoecerá de novo e certamente que você sofrerá.Ele está muito gordo. Eu não queria mais vê-lo doente. Quanto ao sofrimento, o dele...Achei que seria uma boa ideia. Então chamei alguém para imolá-lo.A única pessoa que podia fazer isto mais próxima era o vizinho e ele faria com muito prazer. Queria comer o galo, sempre se dirigia a ele:" Batuta, você está bom de ir para a panela.". Batuta foi levado para o abate. De repente eu me arrependi e fui buscá-lo. Ainda lembro de ter visto Batuta, a sombra dele na parede da casa, lá dentro, por uma fresta na porta. Queria tirá-lo de lá. Era melhor que ele morresse de velho. Não, não, por favor. Não faça isto. Batuta!!! Por favor, abram esta porta. Sem resposta. Bárbara me olhava e no seu olhar, eu via a minha loucura. Eu não estava me comportando bem.Precisa me acalmar, colocar os pés no chão. A culpa era toda minha. Eu o havia entregado a morte. E sua ingenuidade animal, matava. Ele estava lá, eu havia visto sua sombra, seu jeitão gracioso;Batuta!!!
Mas, chegou uma antiga ajudante aqui em casa, no exato momento que eu voltei da fracassada, da fracassada recuperação do galo. Ela me disse. Se cria ave para abater. Você teve tanto trabalho com aquele bicho, não quer ter o retorno? Que negócio é este? E, assim, uma panela de água foi colocada no fogo para ferver. Era um crime que se desenrolava e eu era a mandante principal, não haveria sangue literalmente, na minha casa, porque o sangue estava sendo derramado, na casa do executor de minha ordem. Eu não prestava mesmo. Eu era uma nojenta, uma miserável! Uma mulher velha amalucada, fria. Perigosa. O vizinho veio buscar a água fervendo e tempos depois, trouxe batuta sem penas um corpão gordo, descomunal, rosado de galo, devia estar ainda quente. Algo horrendo. Um cadáver ainda quente. A ajudante recém chegada, dizia que galão! Barbara, pôs-se a tratar, limpar melhor e esquartejar aquele corpo que antes mediou tanta valentia e graça. Mas, eu não queria sofrer mais. Era muita carne para uma casa e uma pessoa.
Tudo de Bárbara é demorado. Certamente que não ficaria tudo pronto naquele dia. Solicitei a ajudante que deixasse ela cuidar disto. Então ela disse que já ia embora. O corpo de batuta foi distribuído. Eu acho que o comi, sim. Lembro de um comentário: carne boa. Senti-me culpada.....
Maria das Graças Pereira Nunes.
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