sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Lembrando Trovões de Tempestade

Quando era criança pequena, aqui mesmo em Salvador, quando chovia e roncava trovoada, daquelas de estalos, a impressão era de pedronas rolando sobre nossas cabeças a gente cobria todos os espelhos, fechava as janelas, as portas , apagava as luzes e ficava no macabrismo do dia de tempestade, percebendo os relâmpagos.Para cada clarão prateado, um ronco forte. Isto era um açoite em minha alma infantil. Vovó ficava impávida. Mas, reverente, ia para a sala de visitas, colocava-me ao seu colo e dizia: tá ouvindo? Papai do céu está reclamando...Eu ficava calada olhando seus olhos acinzentados pelo tempo. Saudades de minha melhor amiga.Mas, se estivesse viva, na nossa condição humano, seria insuportável para ela.Estaria caindo aos pedaços.Descanse em paz vovó. Não te esqueço.
Marakele Bonfar.
Desenho de Graça.
Desenho de Graça.