terça-feira, 22 de junho de 2021

A mesa redonda de vovó.

 A humilde casinha onde nasci tinha três salas. A sala de visitas, a sala de jantar e a sala cozinha. Para cada uma destas dava a porta de um quarto.. a sala de jantar era muito aconchegante. Uma mesa redondinha estilo colonial ficava quase no centro. Não exatamente no centro, por causa da circulação. Neste  espaço, além da mesa e duas cadeiras, uma cristaleira que era a obra de arte, um armário de madeira feito por marceneiro, amigo de vovó, muito lindo que eu envernizei, com gaveta para toalhas de prato e outra para o que se quisesse colocar dentro. Não consigo me lembrar agora o que tinha dentro da outra  gaveta que ficava embaixo. A metade da porta era de vidro. Através deste vidro víamos as louças de vozinha. Pouca louça. Xícaras e pratos de almoço e de sopa, uma sopeira, onde também era servido o feijão de domingo, parecia louça portuguesa; havia cenas campestres em azul. Influência oriental. Fui sabendo de tudo aos poucos. Estou falando da sala de jantar de minha avozinha. O lugar de uma mesa arrumada nas festas. Era o que vovó gostava. 

No São João muita alegria. Comida.A canjica tão familiar, porque sempre tínhamos canjica na mesa, para o café da manhã ou jantar. O milho. Titia sempre mandava um bolo de fubá d milho, todo final de semana, por titio, que ia sempre lá, nos finais de semana e de lá trazia suprimentos possibilitados para a gente cá, na cidade, necessitados. Eram grandes afagos da única filha de vovó. Junto com o bolo vinha um frango assado, uma empanada e gibis já lidos de meus  primos,  Bolinha. Luluzinha, e todo o elenco de Walt Disney, além de cartas entre nossas bonecas.  Tudo me alegrava. Mas, voltando a falar da mesinha redondinha, nas festas ela ficava repleta. Depois que titio foi trabalhar, muito mais. As vezes nem dava todos os itens que eram guardados no armário e cestas dependuradas no telhado da cozinha. A mesa era o centro. Ela aumentava e diminuía de tamanho. A comida e o carinho, nos alegrava muito. A cordialidade. Havia muita cordialidade entre nós. As vezes eu saia dos trilhos. Nunca fui enquadrada nos procedimentos daquela linda família que Deus me deu. Eu aprontava e me tornei uma criança rebelde até certa idade. Depois não sei como fui me aquietando. Algo tocou no meu coração. Não adiantaria nada tanta rebeldia e eu passei a agir com mais entendimento, para algumas coisas. As festas eram maravilhosas. Mas, as vezes eu via meu mundo tão pequeno. Restrito a  mim e mais duas pessoas.Uma senhora idosa e um rapaz que saia muito e não queria conversar comigo. Até os dias atuais. A comunicação é muito rara e nas raridades, eu é quem acena. Quando a gente entende a situação, as vezes, declina em ações. Tenho declinado. Lamento muito ele já passa dos oitenta. Seu aniversário vfoi no último dia sete. Está idoso. Mas, sempre teve vida comedida. Nunca foi dado a farras, sempre dedicado a família. Sei pouco sobre como tem passado. Mas, deve  estar bem. Não gosta de aproximação com os demais parentes.

Depois as festas  se restringiram Apenas  a uma dupla: eu e vovó. Depois de muitos currículos; apenas eu. Depois falo mais sobre isto.a Agora não posso. Muita emoção. A autopena é algo restritor. Não gosto

Graça Nunes.



terça-feira, 1 de junho de 2021

Lo Separa-se de seu Tio Abraão: parte de sua história.

 Deve ter sido sofrido para Abraão separar-se de seu sobrinho Ló. Até ali, todo o tempo, estiveram juntos. Depois que voltaram do Egito, onde aumentaram os bens, ficaram ricos, tiveram de separar.  Lo  também deve ter sentido demais. Mas, não podia ficar com o tio e nem queria que ele fosse para outro lugar. Lo respeitava o tio dele. Depois de olhar a paisagem da Baixada de Sidim, o verde exuberante,   Ló viu possibilidades. Talvez possibilidades tanto agrícolas, quanto pastoris e pensou: " não será ruim para mim". Lo foi para o lado Leste das terras do Jordão. Foi para o leste. Ficando o rio Jordão entre ele e seu tio Abraão. Foi morar  na região de Sodoma e Gomorra, de início , não dentro das cidades. Com o tempo entrou na cidade e fixou residência. Com o tempo, Lo também descobriu onde ele estava, com que tipo de pessoas estava a conviver. Ficou sabendo como eram os costumes do lugar, onde foi se parar. Mas, foi ficando. Não sabemos se Lo era casado quando saiu de junto de Abraão, seu tio. Mas , antes de referir-se ao estado civil de Ló,  o livro bíblico de Gênesis informa que  a região em que Lo se encontrava, foi assolada por reis que a obrigavam a pagar tributo. Como se rebelaram a pagar-lhes, a ser subalternada por eles, sofreram com a invasão . Estes reis já estavam incursionando as regiões vizinhas, oprimindo, tomando tudo dos povos, capturando pessoas, saqueando. Os reis de quatro cidade estavam de prontidão para enfrenta- los. Mas, não se deram bem e fugiram, encarado os poços de betume da baixada e caíram neles. Outros, como o rei de  Sodoma escaparam e fugiram para os montes. Os incursores levaram tudo, pessoas, bens e a comida. Isto era uma prática em tempos remotos. No meio dos capturados, foi levado Ló.

Abraão soube e tomou providências. Ele já tinha se aliado com os  chefes da localidade, lideres heveus de Canaã. Com esses homens e , provavelmente o grupo deles e segundo o livro bíblico de Genesis, mais trezentos e dezoito  homens capacitados, escravos dele, "nascidos em sua casa", foram em perseguição aos quatro maiorais. Dessa empreitada guerreira, conseguiram recuperar cativos, bens e viveres. Provavelmente , Ló ficou grato ao seu tio por este livramento. Mas , agora ele já se sentia pertencer a Sodoma , retornou para lá. Tempos depois , o mesmo livro bíblico relata, que Ló foi fenomenalmente livrado do desastre, que varreu cidades do mapa daquela região. Nessa parte,  Lo já aparece casado, com uma mulher, muito ligada ao lugar e tem duas filhas.  Enquanto fugiam da catástrofe, a mulher olha para o lugar, exatamente quando acontece a  explosão, quando desce fogo do céu. Nesse momento ela  se torna-se uma estátua. Mineraliza-se . Lo e as duas filhas escapam. (Gênesis, capítulos 13-14:1-16; capítulo 19:1- 29)

Maria das Graças Pereira Nunes.

 reis