quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Vela e incenso.

 Acender velas é perigoso. Mas, a luz da vela tem o poder de relaxar. Defumar as casas, hábito frequente em final de ano e comum em casa de prognosticação e até na Igreja Católica, durante a missa, pode ser um ato ligado a fé e fé no insólito. Um ato antigo. Fogo e incenso não podiam faltar na adoração de Jeová, no Tabernáculo, desde o ermo até o Templo, no monte Moriá, em Israel. Além disto é uma medida higiênica, além das crenças alheias,a fumaça afasta insetos que podem ser nocivos a saúde.Mas, faz quem quer e tem motivos.Mas, preste bem a atenção: tudo que fazemos na Terra é sentido em toda ela e no Universo.

Maria das Graças Pereira Nunes.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Jesus nasce em Belém, segundo os Evangelhos.

Maria das Graças Pereira Nunes Oliveira*

Bem, Jesus nasceu em um estábulo, conforme a narrativa dos Evangelhos, por causa do contexto. Maria grávida e José chegaram a Belém em um momento difícil, havia muita gente lá. Como eles, muita gente teve que ir para Belém. Judeus, nascidos em Belém, que haviam saído para outras localidades do país, estavam lá. As casas e hospedarias estavam superlotadas, todos iriam fazer um registro, por ordem do rei patrocinado por Roma; o rei Herodes. Quando o casal chega; onde ficar? Maria entra em trabalho de parto. Exatamente, naquela situação, chegou a hora de Jesus nascer. Eles não acharam lugar. Outro detalhe; eram judeus de Nazaré, fora da caixa. Havia um preconceito com o povo da Galileia, dentro do próprio país.  Ninguém queria ter dó deles. Eram da Galileia, de Nazaré.Vamos imaginar que, em todas as casas que bateram, em todas as hospedarias que tentaram, havia dificuldade de alocar e, ainda,alguém de barrigão, que passava mal, estando na hora de parir.

Uma nazarena na hora de dar a  luz e um senhor de meia idade alucinado, para conseguir um canto; já tinha gente demais naqueles lugares. Maria precisava de um lugar seguro, para parir. Não se achava.... Tudo serviu para mostrar, que Jesus não se sentiria confortado no meio de seu povo. Ninguém sabia quem era o bebê. Mas, todos estavam já em oposição. A energia de oposição chegou primeiro, para fechar Jesus. Apesar de tudo ele nasceu legal, ele estaria bem em qualquer lugar. Tudo com ele era puro poder. Nasceu um híbrido, poderoso. Sim, Jesus nasceu em Belém, Efrata, numa estrebaria, junto com os animais, bois vacas, ovelhas, carneiros, cabras....Ele não achou acolhida entre os homens, nascendo como animal, em meio a animais  superiores. Estava bem acolhido ali, na estrebaria. Diferente da  acolhida característica  do gênero que passara a pertencer, desde a sua encarnação, no momento de vir a luz deste  mundo.

"E o verbo se fez carne e habitou entre nós." Evangelho de João, o evangelizador, não o batista.

Nós nunca entendemos Jesus de fato. Me transporto agora. Estou na cena e vejo o bebê. Parece mais um bebê, como tantos outros, que provavelmente, nasceram naquele dia. Um dia remoto. Há milênios.  Um bebê, algo interessante. Maria sabia. Talvez não pensasse em nada, devia estar um pouco cansada, nunca havia parido. Parira o filho de Deus Jeová. Devia estar lembrando da presença do anjo, seu amigo, falando com ela, mandando ela se acalmar. Era uma mulher favorável  aos olhos do Altíssimo. Ela somente via seu bebê.Um momento sublime. Nada mais importava. O mundo  havia parado. O Universo estava ali. Somente  ela, o bebê e José, o guardião. Ela precisava  de proteção, para maternar Jesus. As narrativas dizem que Jesus nasceu durante a noite. Uma noite inesquecível. Uma noite memorável. Nasceu um menino. Um menino que já estava no processo de ser humano, por Deus que tudo pode. Um ser antes espiritual, nasceu ali.

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." Isaías, 9:6 

Sim, um bebezinho com tanta responsabilidade! Como seria? Mas, ali estava um bebê. Frágil, pequenino, indefeso. Mas, em paz e seguro. Ele tinha o aparato de Jeová, seu Pai. Era noite. O Evangelho de Lucas diz que os pastores estavam no campo. Os pastores tomaram conhecimento de fenômenos( hoje podem ser considerados OVNIs) e foram envolvidos, pela energia da noite alegre. Anjos avisaram aos pastores, que estavam com seus rebanhos no campo que havia nascido, um Salvador (Israel estava sob o controle de Roma). Notícia aprazível. Os pastores desejaram ir de todas as formas a Belém e foram. Conforme  a indicação angélica, aos pastores, a criança estaria enfaixada em uma manjedoura. Os pastores sabiam onde era possível ter, encontrar manjedouras e, não erraram o caminho, nem precisaram perguntar nada, não precisaram ir a autoridade política máxima de Israel. Encontraram a criança, em um estábulo. Não achavam, que o bebê novidade estivesse no palácio real

Jesus nasceu naquela noite. Amanheceu. Maria, na estrebaria, se recuperava do parto. Quando nascia uma criança, havia requisitos a atender, seguindo a Lei de Moisés. A Lei de Moisés era milenar. De quando Moisés guiava o povo no ermo, as estadias no deserto, a invasão da Terra de Canaã, o estabelecimento das tribos, todo o processo até aquela noite, muitos séculos. Muita História. Jesus nasce quando Israel é um país. Depois de um longo currículo. Mas, Israel não é um país independente, quando Jesus nasce. Está sob o domínio romano e já passou pelo domínio grego.Israel tem um rei patrocinado, que não é judeu e se considera judeu legítimo, da família de Davi para ter direitos. Herodes. O rei de Israel, Herodes o Grande, é idumeu, edomita, não é da família de Judá  e tem filhos que são nomeados governadores de regiões do país.  Herodes e sua família representava o poder.

 Os pastores já chegaram, honrraram o bebê com a energia da alegria pastoral doada pelos anjos, que lhes apareceram nos campos. Depois voltaram para o seu cotidiano, certamente que tudo mudara para eles. As pessoas da redondeza do local de nascimento, estavam curiosas; um bebê na manjedoura! Um bebê em um estábulo! Oh! Oh!...Os dias se passaram e acabou o registro obrigatório, a cidade se esvaziou, tudo voltou ao normal. Agora, Maria, o bebê e José podiam sair da estrebaria e habitar em uma casa. Maria havia parido e tinham obrigações em relação a criança, determinadas na Lei Mosaíca, tiveram que dar um tempo em Belém. Depois dos dias de resguardo, e queda de umbigo o bebê do sexo masculino tinha de ser levado ao templo, para alguns rituais judaicos, entre eles a circuncisão. Os judeus fazem assim, até os dias de hoje. 

Mas, hoje, não fazem mais no templo de Jerusalém. Deste imóvel restou-lhes um muro, apenas  um muro, para lamentar. Edom domina Israel religiosamente. No lugar do templo está a Mesquita de Omar o Zimbório da Rocha do Islam. Um templo dedicado a Jeová foi construído no Brasil, pelo líder da Igreja Universal do Reino de Deus, um imóvel notório. Mas, sabemos que Deus não mora em um lugar especifico. Ele está onde quer estar. Podemos dizer que Deus está em todos os lugares.Necessário outra conversa, para abordar este assunto. Mas, voltemos para Jesus no Templo. Porque, quando Jesus nasceu, havia o templo em Jerusalém, no Monte Moriá. Um templo ativo.Jesus foi apresentado em rituais lá e a bíblia conta que havia duas pessoas idosas que se regozijaram muito. Simeão, um homem bem idoso, que recebeu Jesus nos braços, no templo e Ana uma mulher que nunca se afastava do templo.Mas, Lucas não cita sacerdotes.

Houve uma emoção e profecias na ocasião, em que Jesus foi levado ao templo, para os rituais de purificação, registradas em Lucas, capitulo 3. O Evangelista Lucas, não menciona os "reis magos do oriente". Mateus, o Evangelista menciona. Conta o motivo de terem saído de seus lugares,  terem viajado até Israel. Eles eram astrólogos, magos, bruxos, prognosticadores de eventos, reis...três entidades com acompanhamentos. Saíram de seus distritos, porque sabiam dos assuntos, percebiam eventos e viram  uma "estrela" no céu. Talvez, tenham presenciado alinhamento planetário, como tem ocorrido estes dias. Por suas atividades obtiveram a revelação de que havia nascido um majoritário, um rei em Israel. Mas, como? Quem eram estes personagens de verdade? Eles eram muito bem informados, então. Não eram de Israel. Mas, sabiam que podia nascer o rei do lugar e, mesmo não sendo judeus, estavam em alta ligação.

"Os três reis magos do Oriente" que vieram ver Jesus em Belém, não tinham a informação correta, sobre a localidade. Foram guiados por uma "estrela"(um OVNI), uma Luz, no céu. Um fenômeno. Esta "estrela" os levaram para Jerusalém, não para Belém. Eles foram parar no palácio do rei de Israel, depois de causarem uma agitação na cidade. Agora preste atenção; Herodes era o rei do país. Eles anunciaram ao rei, que estavam ali, para ver o rei de Israel que havia nascido. Eles esperavam ver o rei recém-nascido no palácio real. No palácio de Herodes, que estava ouvindo isto. Esta apresentação bateu em cheio em Herodes, que sabia ser, um usurpador. O quê?!!!!! Como podia ser isto? Parece que o rei também já tinha ouvido falar da profecia. A situação se configurou em uma ameaça para Herodes, que de cara ficou surpreso; uma conspiração contra ele e procurou saber dos senhores astrólogos, quanto tempo tinha a visão da "estrela". 

Depois disto, Herodes o rei, majoritário em Israel, disse-lhes que procurassem o bebê e quando achassem, voltassem ao palácio para dizer onde estava. Ele também queria ir ver o bebê e adorá-lo, como aqueles homens, que vieram de tão longe, para isto, ele também queria. Os astrólogos seguiram para procurar a criança. A esta altura, deviam estar achando tudo estranho. Havia um rei em Israel, a criança real não estava no palácio do rei, que nem sabia da existência dela; que história era aquela? Mas, eram homens de mente e espírito aberto. Recebiam mensagens, eram abertos, no sentido espiritual. Como todas as pessoas que lidam com insólito, sem o conhecimento do poder verdadeiro. Todos que especulam coisas  espirituais, praticantes de magia, feiticeiros, prognosticadores de eventos e os que procuram presságios nos astros, com ou sem categoria. Se comunicam com todas as vias do domínio espiritual.

Eles estavam de coração limpo. Estavam em uma situação, que nem mesmo eles sabiam. Foi permitido que a "estrela" lhes mostrassem onde Jesus estava. Não mais em uma estrebaria. Mas, em uma casa e Maria e José já tinham cumprido com os requisitos da Lei, para purificação pós parto, Jesus, provavelmente, estava já circuncidado. Os homens do oriente, chegaram com sua comitiva, muita gente. Honraram a Jesus com presentes e depois de terem êxito, naquilo que saíram para saber e ver, deviam voltar para seus pontos de partida. Estes eram homens de sabedoria, pessoas nobres, de escolas antigas  de conhecimentos, não tencionavam o mal para ninguém. Isto foi contado, pela revelação que tiveram. Foi-lhes esclarecido onde tinham entrado e ordenado que não retornassem a Herodes. Não deveriam revelar onde estava a criança. Deveriam sair de Israel por outros caminhos. Assim fizeram.

Os "reis magos" não voltaram a Herodes. Este inquietou-se sobremaneira e, vendo-se enganado, entendeu que era mesmo uma grande conspiração, que este tal rei: uma ameaça; tinha de ser eliminado. Ordenou a morte de crianças, nascidas em Belém, em certo espaço de tempo. Conforme o relato  de Mateus, ocorreu a morte de muitas crianças, na tentativa cruel de eliminar também o filho de Maria, Jesus o filho de Deus.Foi um grande holocausto, muito sangue infantil, inocente, derramado. No entanto, Jesus já estava longe. José  foi avisado para tirar a mãe e a criança de Israel, antes que a decisão louca de Herodes fosse operacionalizada.  Mas, para os peritos nas Escrituras Sagradas, Jeremias havia predito o infanticídio, quando disse: "Assim diz o Senhor: "Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e amargo choro;é Raquel, que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque os seus filhos já não existem" (Jeremias, 31:15,16).

Em Belém, nasceu um rei. Jesus nasceu em Belém .....   

* Maria das Graças  Pereira Nunes Oliveira. Livre Pesquisadora de Religiões. Estudiosa da Bíblia, da Educação Infantil, da Ludopedagogia, da Sexualidade X Gênero nas Novas Sociedades. Professora de Ciências Naturais. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 Eu não sei até agora, o que realmente acontece. Mas, tenho testemunhado noticiário de mortes no país, muitas mortes. Existe uma doença.Esta doença mata. Isto nós todos sabemos. Rapidamente uma vacina foi concretizada. A explicação para esta produção pode ser a de que, estudos sobre a SARS vêm sendo realizados, na China, faz tempo. Mas, afirmava-se saber muito pouco sobre o vírus até poucos meses atrás. Um ente muito letal. Agora, doze meses após o estouro da doença já se sabe o suficiente para a produção de um antídoto eficaz e foi evidente, segundo a mídia que houve a corrida dos laboratórios , para a produção e venda. O que se passa? Precisamos acreditar na Ciência e a Ciência precisa se posicionar publicamente sobre o que está apresentando. Diante de tudo que está acontecendo médicos e cientistas silenciaram. Só a mídia fala. 

O povo debate-se. Aqui no Brasil, existe um investimento da parte da esquerda política contra o presidente. Não se age de forma inteligente de dialogar e ajudar. Somente puxar o tapete, para tomar o poder. Eu penso que neste momento, ajudar na governança seria a coisa mais acertada. O presidente Jair Bolsonaro acredita em armas e  talvez, chegue a um ponto em que elas sejam muito válidas. A ignorância reina. Se não há um diálogo salutar é possível haver um conflito maior e desenvolver uma miséria maior.Não há paz entre as pessoas. Existe a expectativa natalina anual. O Natal  não é uma festa ruim, mesmo sendo uma época de consumo, as pessoas ficam mais dispostas a fazer o bem. Ficam mais dadas. Certamente, que há muita criança com fome. Muita criança desejando chocolate e muitos doces e presentes, criança gosta disto. Já fui criança e lembro que eu me alegrava muito nesta época, por causa dos doces e presentes.  Naquele tempo que se inventou o acrílico opaco, que se colore, até hoje, ganhei uma máquina de costura  de brinquedo era toda colorida, amarela, azul real e laranja, e fazia todos os movimentos, girando uma alavanca. 

A forma como este presente chegou até mim, foi muito interessante e  eu nunca esqueci. Meu pai e meu tio haviam saído, acho que papai já estava casado e devia estar na sua casa com sua esposa. Titio saia com seus amigos jovens de sua idade acima dos dezoito anos, sei disto hoje, porque calculei a idade dele, no início dos anos sessenta.  Fiquei em casa como sempre com minha avó. Vovó era católica praticante e não lembro se desta vez fomos a missa do galo. Se, isto aconteceu, já tínhamos retornado da igreja. Eu gostava de chegar em nossa casinha, tão arrumadinha e sossegada, meu reino. nessas ocasiões para comer. Estávamos já deitadas, e não tínhamos pegado o sono, quando ouvi uma batida na janela da frente. Nos assustamos. Era tarde, normalmente ninguém chegava lá em casa aquela hora, mesmo sendo  noite de Natal.

Quem poderia ser?  Vovó saiu devagar da cama e pediu  com sinal de psiu mudo, que eu ficasse calada.. Fomos silenciosamente, para a sala e espiei pela greta da janela. Havia algo entre a janela e a tábua de privacidade.Aquela tábua externa, que fecha a metade das janelas, algo muito antigo, que evitava entrar com facilidade pela janela. Não se usava grades nas portas e nas janelas. Dificultava que as crianças sentassem na janela e caíssem lá fora. Eu disse, baixinho:tem uma coisa ai. Vovó abriu um pouco a janela e viu, abriu mais e o embrulho quase caia, eu o peguei. Um presente! Para mim! Lembro da expressão de vovó. "Você não sabe quem botou ai".  Encostei-me  na cadeira e comecei a abrir. Fiquei emocionada e sorria muito, falava alto e sorria. Não me continha em alegria. Uma máquina de costura, tão lindinha. Amei aquilo, foi o meu presente.Eu não ganhava presentes todo natal. Não ligava para isto. 

Contudo saber da possibilidade me alegrava. Qual a criança que não gosta de ganhar coisas; ainda mais quando todo mundo ganha  e, ela vê? Não era o meu caso, eu não via ninguém ganhando nada. Morava em um arrabalde, vizinhos distantes.Meus primos haviam deixado a casa de vovó com seus pais, quando eu era bem pequena. A única criança que eu conhecia, de perto, além deles, era Dulcinéia, uma menina que vinha brincar comigo, algumas vezes por semana. Ela trazia seus brinquedos de acrílico, muitos eram rosa. Meus brinquedos eram todos criados por vovó....Mas, quem teria colocado o presente? Eu achava que tinha sido Lina, a irmã de Lázaro.Ambos eram amigos de titio e de papai e haviam estado lá em casa para pegar titio para sair....Mas, ela não me disse nada. Apenas disse que a máquina era para eu aprender a costurar e ser costureira... Mas, parece que não havia sido ela.

Intrigante é que a batida forte na janela, não pareceu de uma mão feminina e não ouvimos rumor de gente se afastando. Teria sido papai Noel? Teria sido papai? Talvez tenha sido papai. Mas, ele nunca me disse nada e quando eu lhe disse, "é para eu aprender a costurar e ser costureira!" ele, com seu sorriso maroto disse,  não. É bom que você aprenda  a costurar; mas não para viver de costura..... Então a maquininha de acrílico era apenas para eu brincar. Eu era uma criança que desmanchava tudo, quebrava. A imaginação e curiosidade eram férteis demais, para  ficar com algo inteiro por muito tempo. Começava olhando muito, depois especulando e ..logo estava tudo desarticulado e eu tentando refazer em vão. As vezes, vovó ou titio refaziam com sucesso. Muitas, os danos eram irreversíveis e eu mesma dizia. Chega! Não quero mais. Não conseguia manter uma coisa inteira, por muito tempo. Parece que eu era uma garotinha normal. Risos. 

Sempre lembro daquela noite. Eu fiquei muito ansiosa com meu presente. Mas, vovó disse que era  para voltar para cama. De manhã eu costuraria à vontade. Demorei para dormir, não conseguia. Havia algo novo, diferente da energia de minha existência, em casa.Qualquer coisa que chegava, em casa, me transtornava sobremaneira, muito mais , quando eram pessoas, para dormir. Eu não conseguia mais dormir. Hoje eu entendo melhor o que se passava. Naquele tempo eu não sabia e chorava muito. Talvez vovó soubesse. Ficava comigo no colo, para que dormisse e isto era custoso. Eu dormia com ela, mas não dormia de fato e passava a noite toda em alto movimento e agonia.Havia sempre um chazinho quente de capim limão ou melissa, do canteirinho de ervas de vovó. No dia seguinte, passava e eu dormia dobrado. O convívio com a visita só acontecia depois de uns dois dias, quando eu me  acalmava. Graças a Deus, tudo isto é passado. Mas, foi um processo doloroso, acabou na adolescência.

Mas, a maquininha de acrílico foi uma novidade e eu nunca soube quem me presentou. De onde tinha vindo. Mas, hoje eu agradeço, seja ou tenha sido lá, quem fez isto.Alegrou-me sobremaneira. Mas, meus natais eram bem calmos. Só mesmo a ideia de menino Jesus na manjedoura, era suficiente. O presente era ele. Lá em casa tinha um bonequinho de cerâmica, muito pequeno esbranquiçado em uma pequenina manjedoura, sobre umas palhinhas.A representação de menino Jesus. Achava lindo. Mais não podia pegar. Não deveria ser quebrado, era sagrado. Algo tão minúsculo, acendia minha curiosidade. Eu tinha muito interesse naquela pecinha. Havia também uma ovelhinha. Não lembro se tinha mais coisas, inclusive uma caixinha de fósforo com algo muito pessoal meu, algo cadavérico, seco e escuro enrolado em um algodão, nos pés de Maria, a mãe de Jesus, representada como Senhora da Concepção. Nunca me disseram por que. Fico deduzindo. Ficava tudo dentro de um pequeno oratório, um nicho de madeira verde, com lados de vidro. Vovó trazia tudo arrumadinho lá dentro. Era como se fosse uma igrejinha. Tinha uma cruzinha,  no telhado...

Eu tinha enorme curiosidade com aquele relicário de vovó. Inalcançável, para mim. Ficava sobre uma prateleira de madeira, muito boa, com cantoneira de ferro algo muito trabalhado. Mesmo que eu subisse em uma cadeira, não dava. Vovó fazia a limpeza de uma forma secreta, que eu não via. Ela precisava de paz, para manter a integridade de suas coisas, quando era necessário limpar. No natal, o bebê Jesus ficava na parte da frente do nicho.Ele ficava em evidência. Depois que eu cresci mais um pouco, consegui ver o que continha aquela casinha, porque pude colocar uma cadeira e ver o que tinha lá dentro. Mas, não fui mais ver, eu já lia a bíblia e havia aprendido que não era certo, desobedecer os pais.Então se vovó ocultava de mim, eu não deveria querer ver. E depois entendi que eram ídolos e Deus não gostava de adoração de imagens.Mas, respeitava a fé de vovó, a princípio eu seguia a fé dela , na igreja Católica, mesmo estudando a bíblia com pessoas de outra denominação. Foi com vovó  que aprendi ter fé em  Deus.Ela acreditava no mesmo Deus, de outra forma.

Graça Pereira Nunes.

張韶涵 Angela Zhang - I started a joke (官方版MV)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

 

Precisamos prestar muita atenção na informação que está disposta e precisamos ver as possibilidades que temos, antes de exigir outra situação diferente. Precisamos ter cuidado em não sermos ingênuos ou levianos. Eu defendi o isolamento desde o começo da pandemia, porque acredito, que é uma medida sanitária positiva no limite para qualquer pandemia e, principalmente uma como a que estamos vivendo. Enquanto o presidente, Sr. Jair Bolsonaro defendia a vida na rua, o trabalho, idas a escola, eu e muitas pessoas estávamos a solicitar o isolamento. Sendo assim, eu não posso ser tão descarada ao ponto de alarmar o atraso dos estudantes da Escola Pública, o prejuízo da Educação e fazer comparações com os países que começaram as aulas no processo. Tampouco achar que não deveríamos ter problemas inflacionários. A pandemia presente abalou o mundo todo e causou impacto econômico social em diversos territórios planetários.
Graça Nunes.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Imaginação.

 Além da palavra, a imagem. Estas coisas foram fundamentais na minha formação. Na minha infância, no seu começo, vivendo em um lugar muito remoto e de um ramo familiar materialmente pobre, na minha casa não tinha rádio, nem TV. Tinha a página impressa, livros jornais e revistas compradas no Centro da cidade, por quem ia lá. Havia calendários, folinhas na parede, com a foto da Marylin,Monroe, ainda menina, eu não sabia quem era até chegar uma notícia desagradável e comovente.  Hoje sou leviana para leituras e escrevo sem cuidados. Não devo nada a ninguém. Mas, comecei a ler cedo, fui alfabetizada em casa. A imaginação foi muito estimulada, porque não podia ser diferente. Como eu ia longe. O canteirinho de vovó era um bosque. O resto do terreno era bosque e bosques depois morava tantas pessoinhas no bosque que com mais imaginação tornou-se povoados, cidades. Minha geração imaginava muito. A criatividade tinha muito espaço. Desnecessário dizer que aumentou com a chegada do rádio.....Graça Nunes.

Imagem de Pinterest.

 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Viver.

 

O que deve te alimentar é a vida.
As vezes, eu sinto algo muito duro de seu íntimo e, não é nada físico.
Algo de sentimento.
Como uma dor muito grande, ancorada no teu ser.
Tua couraça é muito dura e pesada.
Você tem muitas escoras.

Não deixe que isto te domine. 
Viver é muito mais que certas coisas. É muito as bobagens da vida, o inusitado, as surpresas, as coisas pequenas.
As pequenas coisas. Aquelas, que as pessoas não olham; que muitos acham  se importar,  vergonhoso. Viver é sentir o outro, é ser empático com aquele, que não  tem nada a oferecer.
Olhar para baixo, quando  está por cima.
Não está nos livros. Se descobre no dia a dia, na Natureza, olhando uma florzinha, no cantinho. Coisa delicada e linda. Vivendo.

Viver é uma delicadeza de si, para si e depois, para os outros.

Graça Nunes.