segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 Eu não sei até agora, o que realmente acontece. Mas, tenho testemunhado noticiário de mortes no país, muitas mortes. Existe uma doença.Esta doença mata. Isto nós todos sabemos. Rapidamente uma vacina foi concretizada. A explicação para esta produção pode ser a de que, estudos sobre a SARS vêm sendo realizados, na China, faz tempo. Mas, afirmava-se saber muito pouco sobre o vírus até poucos meses atrás. Um ente muito letal. Agora, doze meses após o estouro da doença já se sabe o suficiente para a produção de um antídoto eficaz e foi evidente, segundo a mídia que houve a corrida dos laboratórios , para a produção e venda. O que se passa? Precisamos acreditar na Ciência e a Ciência precisa se posicionar publicamente sobre o que está apresentando. Diante de tudo que está acontecendo médicos e cientistas silenciaram. Só a mídia fala. 

O povo debate-se. Aqui no Brasil, existe um investimento da parte da esquerda política contra o presidente. Não se age de forma inteligente de dialogar e ajudar. Somente puxar o tapete, para tomar o poder. Eu penso que neste momento, ajudar na governança seria a coisa mais acertada. O presidente Jair Bolsonaro acredita em armas e  talvez, chegue a um ponto em que elas sejam muito válidas. A ignorância reina. Se não há um diálogo salutar é possível haver um conflito maior e desenvolver uma miséria maior.Não há paz entre as pessoas. Existe a expectativa natalina anual. O Natal  não é uma festa ruim, mesmo sendo uma época de consumo, as pessoas ficam mais dispostas a fazer o bem. Ficam mais dadas. Certamente, que há muita criança com fome. Muita criança desejando chocolate e muitos doces e presentes, criança gosta disto. Já fui criança e lembro que eu me alegrava muito nesta época, por causa dos doces e presentes.  Naquele tempo que se inventou o acrílico opaco, que se colore, até hoje, ganhei uma máquina de costura  de brinquedo era toda colorida, amarela, azul real e laranja, e fazia todos os movimentos, girando uma alavanca. 

A forma como este presente chegou até mim, foi muito interessante e  eu nunca esqueci. Meu pai e meu tio haviam saído, acho que papai já estava casado e devia estar na sua casa com sua esposa. Titio saia com seus amigos jovens de sua idade acima dos dezoito anos, sei disto hoje, porque calculei a idade dele, no início dos anos sessenta.  Fiquei em casa como sempre com minha avó. Vovó era católica praticante e não lembro se desta vez fomos a missa do galo. Se, isto aconteceu, já tínhamos retornado da igreja. Eu gostava de chegar em nossa casinha, tão arrumadinha e sossegada, meu reino. nessas ocasiões para comer. Estávamos já deitadas, e não tínhamos pegado o sono, quando ouvi uma batida na janela da frente. Nos assustamos. Era tarde, normalmente ninguém chegava lá em casa aquela hora, mesmo sendo  noite de Natal.

Quem poderia ser?  Vovó saiu devagar da cama e pediu  com sinal de psiu mudo, que eu ficasse calada.. Fomos silenciosamente, para a sala e espiei pela greta da janela. Havia algo entre a janela e a tábua de privacidade.Aquela tábua externa, que fecha a metade das janelas, algo muito antigo, que evitava entrar com facilidade pela janela. Não se usava grades nas portas e nas janelas. Dificultava que as crianças sentassem na janela e caíssem lá fora. Eu disse, baixinho:tem uma coisa ai. Vovó abriu um pouco a janela e viu, abriu mais e o embrulho quase caia, eu o peguei. Um presente! Para mim! Lembro da expressão de vovó. "Você não sabe quem botou ai".  Encostei-me  na cadeira e comecei a abrir. Fiquei emocionada e sorria muito, falava alto e sorria. Não me continha em alegria. Uma máquina de costura, tão lindinha. Amei aquilo, foi o meu presente.Eu não ganhava presentes todo natal. Não ligava para isto. 

Contudo saber da possibilidade me alegrava. Qual a criança que não gosta de ganhar coisas; ainda mais quando todo mundo ganha  e, ela vê? Não era o meu caso, eu não via ninguém ganhando nada. Morava em um arrabalde, vizinhos distantes.Meus primos haviam deixado a casa de vovó com seus pais, quando eu era bem pequena. A única criança que eu conhecia, de perto, além deles, era Dulcinéia, uma menina que vinha brincar comigo, algumas vezes por semana. Ela trazia seus brinquedos de acrílico, muitos eram rosa. Meus brinquedos eram todos criados por vovó....Mas, quem teria colocado o presente? Eu achava que tinha sido Lina, a irmã de Lázaro.Ambos eram amigos de titio e de papai e haviam estado lá em casa para pegar titio para sair....Mas, ela não me disse nada. Apenas disse que a máquina era para eu aprender a costurar e ser costureira... Mas, parece que não havia sido ela.

Intrigante é que a batida forte na janela, não pareceu de uma mão feminina e não ouvimos rumor de gente se afastando. Teria sido papai Noel? Teria sido papai? Talvez tenha sido papai. Mas, ele nunca me disse nada e quando eu lhe disse, "é para eu aprender a costurar e ser costureira!" ele, com seu sorriso maroto disse,  não. É bom que você aprenda  a costurar; mas não para viver de costura..... Então a maquininha de acrílico era apenas para eu brincar. Eu era uma criança que desmanchava tudo, quebrava. A imaginação e curiosidade eram férteis demais, para  ficar com algo inteiro por muito tempo. Começava olhando muito, depois especulando e ..logo estava tudo desarticulado e eu tentando refazer em vão. As vezes, vovó ou titio refaziam com sucesso. Muitas, os danos eram irreversíveis e eu mesma dizia. Chega! Não quero mais. Não conseguia manter uma coisa inteira, por muito tempo. Parece que eu era uma garotinha normal. Risos. 

Sempre lembro daquela noite. Eu fiquei muito ansiosa com meu presente. Mas, vovó disse que era  para voltar para cama. De manhã eu costuraria à vontade. Demorei para dormir, não conseguia. Havia algo novo, diferente da energia de minha existência, em casa.Qualquer coisa que chegava, em casa, me transtornava sobremaneira, muito mais , quando eram pessoas, para dormir. Eu não conseguia mais dormir. Hoje eu entendo melhor o que se passava. Naquele tempo eu não sabia e chorava muito. Talvez vovó soubesse. Ficava comigo no colo, para que dormisse e isto era custoso. Eu dormia com ela, mas não dormia de fato e passava a noite toda em alto movimento e agonia.Havia sempre um chazinho quente de capim limão ou melissa, do canteirinho de ervas de vovó. No dia seguinte, passava e eu dormia dobrado. O convívio com a visita só acontecia depois de uns dois dias, quando eu me  acalmava. Graças a Deus, tudo isto é passado. Mas, foi um processo doloroso, acabou na adolescência.

Mas, a maquininha de acrílico foi uma novidade e eu nunca soube quem me presentou. De onde tinha vindo. Mas, hoje eu agradeço, seja ou tenha sido lá, quem fez isto.Alegrou-me sobremaneira. Mas, meus natais eram bem calmos. Só mesmo a ideia de menino Jesus na manjedoura, era suficiente. O presente era ele. Lá em casa tinha um bonequinho de cerâmica, muito pequeno esbranquiçado em uma pequenina manjedoura, sobre umas palhinhas.A representação de menino Jesus. Achava lindo. Mais não podia pegar. Não deveria ser quebrado, era sagrado. Algo tão minúsculo, acendia minha curiosidade. Eu tinha muito interesse naquela pecinha. Havia também uma ovelhinha. Não lembro se tinha mais coisas, inclusive uma caixinha de fósforo com algo muito pessoal meu, algo cadavérico, seco e escuro enrolado em um algodão, nos pés de Maria, a mãe de Jesus, representada como Senhora da Concepção. Nunca me disseram por que. Fico deduzindo. Ficava tudo dentro de um pequeno oratório, um nicho de madeira verde, com lados de vidro. Vovó trazia tudo arrumadinho lá dentro. Era como se fosse uma igrejinha. Tinha uma cruzinha,  no telhado...

Eu tinha enorme curiosidade com aquele relicário de vovó. Inalcançável, para mim. Ficava sobre uma prateleira de madeira, muito boa, com cantoneira de ferro algo muito trabalhado. Mesmo que eu subisse em uma cadeira, não dava. Vovó fazia a limpeza de uma forma secreta, que eu não via. Ela precisava de paz, para manter a integridade de suas coisas, quando era necessário limpar. No natal, o bebê Jesus ficava na parte da frente do nicho.Ele ficava em evidência. Depois que eu cresci mais um pouco, consegui ver o que continha aquela casinha, porque pude colocar uma cadeira e ver o que tinha lá dentro. Mas, não fui mais ver, eu já lia a bíblia e havia aprendido que não era certo, desobedecer os pais.Então se vovó ocultava de mim, eu não deveria querer ver. E depois entendi que eram ídolos e Deus não gostava de adoração de imagens.Mas, respeitava a fé de vovó, a princípio eu seguia a fé dela , na igreja Católica, mesmo estudando a bíblia com pessoas de outra denominação. Foi com vovó  que aprendi ter fé em  Deus.Ela acreditava no mesmo Deus, de outra forma.

Graça Pereira Nunes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário