sábado, 30 de setembro de 2017

Baldião, baldeia.

De repente, um barulho. Louça se quebrando.Era seu Baldião fazendo folias infernais em sua casa.A zuada era o prato de louça cheio de comida aterrisando no piso da varanda dos fundos de sua casa.Depois, ouvia-se mais movimento.Criança chorando, portas abrindo e fechando e a voz rústica dele." Se você for, não volte mais. Não leve minhas crianças...." Depois, não se ouvia mais nada a não ser o chinelo dele arrastando pelo quintal e na varanda um corpo magro na rede. A solidão o matava.Ai ele ia beber. Era desenganado pelos médicos. Pelo tempo que lhe fora dado, já passara da conta de morrer. Não morria e se afogava na bebida. Durante a ausência de sua esposa, seus vizinhos se intimidavam a dirigir-lhe a palavra e o que ele podia ter da casa de D Altéia, era apenas um café preto e um pedaço de pão com manteiga rançosa.Tudo bem; ele sabia cozinhar, sua esposa não.Ele queria que ela cozinhasse como ele e quando não bebia a comida dela era muito pior. Então que ele a ensinasse em vez de ser bruto. Todos os desconheciam.Ele tomava alguns conhaques e ia buscar a família. Todos de volta, a paz reinava até o próximo vacilo culinário de D. Mulicinha, mulher tão alegre e dedicada, cuidadora da casa e dos filhos deles, tão prendada; menos cozinheira.
Maria Nunes. 
Imagem coletada de google.com
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